O BAJULADOR


"Um dia um corvo estava pousado no galho de uma árvore com um pedaço de queijo no bico quando passou uma raposa. 

Vendo o corvo com o queijo, a raposa logo começou a matutar um jeito de se apoderar do queijo. Com esta idéia na cabeça, foi para debaixo da árvore, olhou para cima e disse: 

-Que pássaro magnífico avisto nessa árvore! Que beleza estonteante! Que cores maravilhosas! Será que ele tem uma voz suave para combinar com tanta beleza! Se tiver, não há dúvida de que deve ser proclamado rei dos pássaros.

Ouvindo aquilo o corvo ficou que era pura vaidade. Para mostrar à raposa que sabia cantar, abriu o bico e soltou um sonoro "Cróóó!"

O queijo veio abaixo, claro, e a raposa abocanhou ligeiro aquela delícia, dizendo:
-Olhe, meu senhor, estou vendo que voz o senhor tem. O que não tem é inteligência!"

(Do livro: Fábulas de Esopo - Companhia das Letrinhas)


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"Ele não é o chato, mas tem um perfil irmão gêmeo do chato, tem o nome científico de 'bajulatorius hominis', raiz latina para denominar o também conhecido vulgarmente por bajulador.


O bajulador é um hermafrodita, um assexuado político, o seu prazer, o seu orgasmo é puxar saco, adular.

Vive em permanente estado de rastejamento, mas em hipótese alguma utiliza o desconfiômetro. Você nunca encontrará um bajulador com opinião, pois o seu cérebro apresenta 99% de seu espaço ocupado não por neurônios, mas sim com uma composição orgânica gelatinosa por mim denominada de 'cerebrus vulgaris ventoso'.

Em situações de conflitos, o bajulador dá razão para todo mundo; entre opinar e se suicidar, o bajulador opta pelo suicídio.

Época de campanha política é um terreno fértil para a bajulação. Tem bajulador com surtos de baba tal qual uma vaca com aftosa quando ouve um discurso político.

Em tempos de crise econômica, avulta o bajulador, pois nunca o emprego valeu tanto e, como é fácil perdê-lo, por um momento de raiva, de ira, quando você gostaria de dar um tabefe no seu superior e pensa dez vezes antes de tomar aquela decisão que pode colocar a corda no pescoço, ou melhor, ser despedido do trabalho. (...)

Difícil também é suportar a ira dos patrões nesses tempos em que o caixa está sempre no vermelho. Nessas horas vê-se o quanto o bajulador precisa rastejar para extrair um sorriso do patrão.

O bajulado tem seu ego sempre massageado, enquanto que o bajulador tem a sua auto-estima a um palmo daquele lugar. Mais uma vez a relação capital e trabalho se manifesta, portanto deve-se rezar todos os dias um Pai Nosso e um Ato de Contrição a essa categoria que nunca pode ter opinião, que não exercita a massa cinzenta, tudo para não desagradar seu superior."

(Crônica de Diogo Guerra - JornalContexto.com.br)

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DEPOIMENTOS

Maquiavel(1) dizia: "Fuja dos bajuladores, pois eles são como o carvão: apagado suja, aceso queima!" 

Plutarco (2), dizia que "o amigo é aquele que nem sempre aprova tudo que fazemos, o bajulador é aquele que sempre simula sua mudança de opinião, demonstrando com extrema clareza que suas opiniões são volúveis e interesseiras".

Alan Brizotti (3) assevera que "o bajulador projeta conquistas à base de elogios e cinismo. Ele sabe que de outra forma jamais teria sucesso, pois é incompetente, fraco, apela ao sentimentalismo porque sabe que não possui o caráter necessário para o confronto. Ele aplaude os erros de seu alvo, assina todas as promissórias da culpa, é o perfeito "laranja", o testa-de-ferro, o puxa-saco, o filhote do trono". 

Silvia Meister (4) desabafa: "na minha ótica, todo o bajulador é vagabundo, pois se realmente trabalhasse, não teria tempo de ficar pendurado na genitália de ninguém. O bajulado, também é um tipo estragado. No momento em que aceita ser bajulado, está passando seu atestado de incompetência."

Caro Leitor, tire suas próprias conclusões, MAS FUJA DOS BAJULADORES!!

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(1) (Florença, 1469/1527). Historiador, poeta, diplomata e músico italiano do Renascimento. É reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna, pelo fato de haver escrito sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser. 
(2) (Queroneia , 46 a 126 d.C.). Filósofo e prosador grego do período greco-romano, estudou na Academia de Atenas (fundada por Platão). 
(3) Professor de teologia, escritor e pesquisador da área de espiritualidade e filosofia em Goiânia/GO. 
(4) simplesmente servidora pública de Capão da Canoa/RS, sem voz nem vez.

Eleiçoes 2012

Algumas notas da Coluna EM RESUMO do Jornal Gazeta do Triângulo, editada pelo jornalista Márcio Marques, traz a informação que o ex-Prefeito Mãe Preta (Wanderlei Inácio) não é ficha suja e sairá candidato nas próximas eleições. Eis as notas:

POLÍTICA (05/03/2011)
O quadro político da cidade de Araguari ainda é uma incógnita, enquanto Mãe Preta mostra-se disposto e animado em enfrentar o próximo pleito e concorrer ao cargo máximo no Palácio dos Ferroviários, Marcos Alvim continua na espreita e verifica a possibilidade de uma futura candidatura, aliás, este último mostrou-se muito desanimado pela votação recebida no ano passado, quando concorreu a uma vaga na Assembléia Legislativa.

ELEIÇÕES 2012 (25/02/2011)
Em rápido encontro com o ex-prefeito Wanderlei Inácio, mais uma vez ele confirmou a intenção de se candidatar ao cargo maior do município, destacando que nunca teve seu nome impedido para a disputa de qualquer cargo político. Mãe Preta afirmou também que está alinhavando grandes conchavos para vencer e assumir a cadeira de prefeito do Palácio Municipal. Um vice forte seria a principal conquista do político, o que traria mais credibilidade para a sua candidatura.

Caso Mãe Preta for realmente candidato, tem que avisá-lo que hoje em dia existe a Lei de Responsabilidade Fiscal, que não pode ficar sem pagar os funcionários públicos 3, 4, 5 meses,  que a promessa de ônibus de graça para universitário não cola mais e que o maior conchavo politico a ser feito é pelo bem coletivo e não  para atender os interesses dos grupos apoiadores e financiadores do processo eleitoral. Os conchavadores que investem dinheiro em candidatura, com certeza mandará a cobrança da conta. Adivinha quem paga essa conta...

Quem elege o candidato não são os conchavos, mas os votos do eleitor, de preferência, votos não comprados. O Eleitor que vende seu voto, fica sem asfalto, sem água, sem esgoto, sem escola, sem teto, sem saúde e sem poder reivindicar qualquer benefício para sua comunidade, pois já se vendeu.

Araguari precisa de candidatos sérios, que não venham com o discurso de "Novos Modelos de Administração" e, muito menos, promessas que não poderão ser cumpridas nunca, principalmente aquelas que dependem de decisão colegiada (Câmara dos Vereadores).

É importante esses candidatos entenderem que o tempo da ditadura e das perseguições não fazem parte do século XXI. O momento é de um governo democrático participativo.

Que o serviço público necessita de uma gestão mais profissional, sem apadrinhamentos ou nepotismo.

Além disso, que não façam na gestão pública aquilo que fazem na privada.

Estatuto do Funcionalismo

Em Maneirópolis, uma cidade do interior do Brasil, após a eleição do Zé Mané (leia aqui) para Prefeito, ele resolveu fazer uma reforma administrativa na Prefeitura e começou por editar o Estatuto do Funcionalismo Público daquele Município. Então pediu ao seu braço direito para redigir o documento, tendo em vista que ele é analfabeto. Assim, a Presidenta do Sindicato dos Servidores, ditado pelo Zé Mané, redigiu o seguinte documento:

Estatuto dos Funcionários Públicos de Maneirópolis

Art. 1° - O presente Estatuto dos Funcionários Públicos de Maneirópolis, doravante denominado ESTATUTO, rege as classes funcionais  municipais.

§ 1° - Ficam criadas duas classes funcionais no Município de Maneirópolis:
I - Contratatos;
II - Concursados.


§ 2° - Os Contratados serão somente os parentes do Prefeito em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, além de bajuladores e pessoas subservientes. Os Concursados serão aqueles aprovados em seleção.

Art. 2° - Os Contratados exercerão os cargos de livre nomeação e exoneração e os concursados os cargos definidos pelos Contratados, independente de suas atribuições profissionais, desconsiderados quaisquer benefícios de estabilidade em Lei Federal.

Art. 3° - Os Contratados, em relação aos Concursados, deverão:
I - Impor instruções confusas e imprecisas;
II - Dificultar o trabalho;
III - Atribuir erros imaginários;
IV - Exigir, sem necessidade, trabalhos urgentes;
V - Impor sobrecarga de tarefas;
VI - Ignorar a presença do servidor, não cumprimentá-lo ou não lhe dirigir a palavra na frente dos outros deliberadamente;
VIII - Fazer críticas ou brincadeiras de mau gosto com o servidor em público;
IX - Impor horários injustificados;
X - Retirar injustificadamente os instrumentos de trabalho do servidor;
XI - Agredir física ou verbalmente, quando está a sós com o servidor (vítima);
XII - Ameaçar e impor que o servidor não cumpra leis;
XIII - Isolar o servidor de outros funcionários;
XIV - Não repassar trabalho, deixando o trabalhador ocioso, sem quaisquer tarefas a cumprir, o que irá provocar uma sensação de inutilidade e incompetência e o colocará em uma situação humilhante frente aos demais colegas de trabalho.

Art. 4° - O perfil das vítimas do Contratado deverá:
I - Ser pessoa competente e questionadora;
II - Ter muita capacidade de trabalho;
III - Ter qualificação profissional;
IV - Ser criativo(a);
V - Ter capacidade suficiente para substituir a chefia (o Contratado);
VI - Ter potencial para rebelar-se contra abusos;
VII - Ser pessoa com acesso à informação quanto à seus direitos.

 Art. 5° - Revoga-se as decisões em contrário.

Art. 6° - Este Estatuto entra em vigência nesta data.

Maneirópolis, 01 de janeiro de 2009.

Zé Mané
Prefeito Municipal

Maria Bajuladora
Presidenta do Sindicato

Os princípios de um governo (Parte 2)

            No texto anterior a análise foi dos governos oligárquicos e ditadores. Neste, o dissertar será sobre governos democráticos e participativos.
            Para Dra. Lígia Helena Hahn Lüchmann em sua tese de doutorado pela Universidade Estadual de Campinas em 2002, sob a orientação da Profª. Dra. Rachel Meneguell, a democracia participativa ou democracia deliberativa é considerada como um modelo ou ideal de justificação do exercício do poder político pautado no debate público entre cidadãos livres e em condições iguais de participação. Advoga que a legitimidade das decisões políticas advém de processos de discussão que, orientados pelos princípios da inclusão, do pluralismo, da igualdade participativa, da autonomia e da justiça social, conferem um reordenamento na lógica de poder político tradicional.
            A teoria da democracia participativa garante os mecanismos comunicativos sem constrangimentos e rompe com a ação e deliberação pautada nos interesses individuais considerando suas decisões com preferências aos assuntos de interesse público.
            Um Estado democrático participativo vislumbra suas decisões pautadas no entendimento político baseado na vontade da sociedade civil organizada, levando em consideração os preceitos dos princípios da administração pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
            Em se tratando de desenvolvimento urbano é garantida “a gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano” (Lei Federal n° 10257/2001, Art. 2°, II). A maneira da sociedade participar da gestão urbana é por meio de: I – órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional, estadual e municipal; II – debates, audiências e consultas públicas; III – conferências sobre assuntos de interesse urbano, nos níveis nacional, estadual e municipal; IV – iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano. (Idem, Art. 43, II).
            A vontade popular sobre outros temas, também é verificada por plebiscito ou referendo. Um exemplo disso foi a escolha do eleitor sobre a forma de Estado e de governo sob a qual desejariam viver: República ou Monarquia; presidencialismo ou parlamentarismo. Em 1993, na data prevista pela Constituição Federal de 1988, a maioria dos brasileiros se manifestou pela manutenção da República e do regime presidencial vigentes no País.
            O Brasil ainda engatinha na sua democracia. Em alguns casos ainda tem resquícios de ditadura, uma realidade vivida por várias décadas e ainda pela existência de muitos políticos desta época ainda conduzindo partidos e os poderes legislativo e executivo da união, estados e municípios.
            A efetivação da democracia no nosso país depende da atitude da sociedade organizada  exercendo seus deveres e, sobretudo, exigindo seus direitos. Muito se fala em democracia atribuindo esta relação apenas entre eleitos e eleitores.  A democracia participativa não deve ser apenas de aparência, mas praticada, também, em todas as relações humanas: em casa, no trabalho público ou privado, na escola, no lazer, na religião,..., enfim, onde há decisão que influenciará a vida de duas ou mais pessoas, tendo em vista que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” CF-1988, Art. 5°, X)
            Portanto, a democracia deliberativa ou participativa é um processo público e coletivo de discussão e de decisão acerca das políticas públicas, que eleva a sociedade civil ao patamar das deliberações políticas. A deliberação é resultado, não apenas da vontade dos cidadãos, mas fundamentalmente resultado da vontade estabelecida através de um debate público entre os sujeitos deliberativos. Os desafios são grandiosos, mas depende da criatividade, vontade, comprometimento, recursos, tempo e perspicácia política de ambos os lados:  governo e sociedade.

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