Dr. Sebastião Campos |
Sebastião Campos foi um médico brilhante – fez dez cursos de extensão universitária; estrategista político com percepção aguçada para entender o lado obscuro do homem, sempre teve coragem para enfrentar os mistérios da vida, seus afetos e desafetos só contribuíram para lapidar a alma generosa deste grande homem.
“(...)A arte de Sebastião Campos tem todos esses amavios e, a um só tempo, ilumina e desperta as nossas sensações. É o manancial esplendoroso, de onde surgem as surpresas, as magias sonoras, os deslumbramentos inesperados, o mistério lírico, na sua encantadora simplicidade. Temos que salientar que, artista de penetrante visão, Sebastião Campos, colocando-se entre as exigências da arte e o espírito do seu tempo, sabe, como ninguém, que a literatura é riqueza de imaginação, a serviço da realidade estética, extravasada na mais enternecedora de todas as expressões formais.” Assim, escreveu João Rangel Coelho na contra capa do livro Contos & Cantos de autoria de Sebastião Campos.
Nascido em Goiandira-GO em 12 de março de 1926, mudou-se para Araguari-MG em 1932 aos seis anos, com seus pais Maria Rita da Conceição e José Francisco Campos e seus irmãos mais velhos e mais novos. Eram em 10 irmãos. Cursou o primário no grupo Raul Soares e o ginásio no Colégio Regina Pacis, onde se destacou como orador da turma.
No ano de 1946, um artigo que escrevera com alguns amigos para o jornalzinho da escola, sofre a “famosa” censura Vargas. Sebastião Campos e seus amigos vão até a delegacia se explicarem, esta foi sua primeira experiência contra o regime da ditadura, ao longo da sua vida sempre lutou pelo direito da liberdade de expressão.
Cursou o antigo científico em Belo horizonte, São Paulo, e finalmente, a Faculdade Nacional de Medicina na praia vermelha, no Rio de Janeiro. Este período da sua vida foi muito enriquecedor, fez amizades que o acompanhou por toda a sua vida, conheceu Marta, seu único e verdadeiro amor, com quem se casou e teve cinco filhas.
Na década de 1960, de volta a Araguari, já casado, inicia sua vida profissional como médico pediatra e clínico geral no Hospital Santa Catarina, sempre se destacando, ora pela competência, ora pela generosidade sendo que tirava do próprio bolso para comprar remédios para seus pacientes carentes.
Concomitantemente com seu trabalho de médico, e como sempre teve uma visão empreendedora, fundou, juntamente com seu irmão Hélio Campos, o Expresso Araguari com a linha Araguari-Uberlândia no início dos anos de 1960.
Nesta época, também, inicia sua participação política e de líder político de Araguari, que atuou especialmente na resistência ao regime militar, elegendo-se vereador pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro) em 1970, ocupando uma cadeira na Câmara Municipal de 31 de janeiro de 1971 a 30 de janeiro de 1973, quando Milton Lima Filho era Prefeito. Enquanto vereador foi o responsável pelas negociações para a instalação da Indústria de Sucos Maguary. Em sociedade com um amigo inicia uma lavoura de maracujá no distrito de Amanhece, para vender sua produção, para a recém instalada fábrica.
Em sua contribuição política no poder executivo foi Secretário de Governo nas gestões de Fausto Fernandes de Melo (1977 a 1983); Miguel Domingos Oliveira (1993 a 1996) exercendo o cargo apenas nos dois primeiros anos; Milton Lima Filho (1997 a 2000), também exerceu o cargo nos dois anos iniciais aposentando-se devido a problemas de saúde.
Em meados dos anos de 1980, Sebastião Campos muda-se de Araguari, começa sua intimidade com o mundo UTB – União dos Trovadores de Bar no Rio de Janeiro onde participou de vários concursos literários e ganhou vários prêmios, nascia um estreante literário amadurecido.
No inicio dos anos de 1990 retorna a Araguari contribuindo na medicina e na política. No mundo das artes, como escritor publicou o livro “Contos & Cantos” em 1992 pela Editora Thesaurus – Coleção Itiquira; como radialista teve um programa na Rádio Cacique na década de 1990 com Lélio Brasil onde apresentava suas trovas, cantorias, contos, estórias e histórias sobre Araguari; como ator, participou do filme “O Caso dos Irmãos Naves” (1967; Direção de Luís Sérgio Person), fazendo o papel de Promotor de Justiça. Como pesquisador, participou com Abdala Mameri de várias pesquisas sobre a história de Araguari.
No inicio dos anos 2000 sua saúde começa a ficar debilitada, em 2004 fica viúvo, sofre infarto em 2005, sua saúde continua piorando e em 27/10/2010 falece por volta das 10h da manhã em sua residência em Araguari/MG.
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