O Distrito de Amanhece


1 – HISTÓRICO

1.1 - A ferrovia    

O final do século XIX e início do século XX trouxeram a Araguari novas possibilidades de expansão com a chegada do transporte férreo. Araguari aos poucos foi despontando graças ao crescimento populacional em virtude da instalação na cidade da Estação de Passageiros da Cia. Mogiana de Estrada de Ferro em 15 de novembro de 1896.

O funcionamento da Cia. Mogiana inspirou a abertura de caminhos pelos trilhos ao Estado de Goiás. A linha férrea da Cia Mogiana tinha ponto terminal em Araguari e inicial em Campinas – SP. Para fazer a ligação de São Paulo a Goiás criou-se, então, a Estrada de Ferro Alto Tocantins, que seria a continuidade da estrada da Mogiana até Goiás, tendo Araguari como ponto inicial e Goiânia terminal. Em 28 de março de 1906 a estrada passou a se denominar Companhia Estrada de Ferro de Goyaz, por meio do Decreto 5949/1906, in verbis:

Artigo unico. Fica reconhecida, sob a denominação de Companhia Estrada de Ferro de Goyaz, a antiga Companhia Estrada de Ferro Alto Tocantins, de que trata o decreto n. 5349, de 18 de outubro de 1904, para os fins do contracto celebrado nos termos desse mesmo decreto.

Logomarca da Companhia Estrada de Ferro de Goyaz

 Os trabalhos para a construção da Estrada de Ferro de Goyaz iniciaram-se em 1906 no marco zero, na cidade de Araguari, que se torna um entroncamento ferroviário. A partir daí estende-se a ferrovia sentido Goiás passando pelo povoado de Amanhece e ali tem o início por volta de 1910 a construção de uma pequena estação de passageiros e mercadorias, que teve sua inauguração em 1913. A partir de 1920, em função de problemas de caráter financeiro e administrativo, a Companhia Estrada de Ferro de Goyaz, obteve concessão para explorar os serviços ferroviários no Triângulo Mineiro e em Goiás. Com isso, sua administração foi transferida à União, que deu continuidade as obras de construção da estrada de ferro até a cidade de Goiânia, numa extensão de 480 quilômetros, passando por 30 estações, destacando-se as de: Araguari, Amanhece, Ararapira, Anhanguera, Goiandira (ponto de ligação com a Rede Mineira), Ipameri, Roncador, Pires do Rio, Engenheiro Balduíno, Vianópolis, Leopoldo de Bulhões, Anápolis e Goiânia.

Em 1926 inicia-se a construção do prédio e sede da Estação da Goyaz em Araguari e em 2 de dezembro de 1928 ele é inaugurado. Os três grandes engenheiros da Estrada de Ferro Goiás foram Gaioso Neves, Luiz Schinoor e Bethout que construíram a sede, a estrada e as pontes.

            A ferrovia interferia de várias maneiras por onde ela passava. O que era apenas um povoado, com a chegada da ferrovia, trouxe também a chegada de várias famílias a Amanhece e desenvolvimento o que culminou em 1923 a elevação de povoado a Distrito na divisão administrativa e territorial de Araguary. O Distrito de Amanhece foi criado pela Lei Estadual n° 843 de 07/09/1923.

            O Cel. Theodolino Pereira de Araújo, dono de terras em Amanhece, foi o idealizador da alteração da rota rodoviária até o distrito, sendo efetivada em 1946 com um percurso seguindo os trilhos da Estrada de Ferro de Goiaz - EFG, fazendo a ligação com Araguari, surgindo assim, posteriormente, a rodovia MG 414. Neste mesmo ano foi instalada energia elétrica no distrito por meio da Cia Prada de Eletricidade e em 1950 instala-se uma agência da Empresa Brasileira de Correios.

No passado, a ferrovia foi a ligação entre São Paulo, Minas e Goiás. Trouxe pelos trilhos a pujança econômica ao Município tornando-se o marco histórico de desenvolvimento cultural, preservação e respeito as nossas raízes. 

Infelizmente, este período de pujança se vê ameaçado, pois em 1954, a sede da Estrada de Ferro de Goyaz foi transferida para Goiânia, ficando Araguari com a 2º divisão. Neste processo centenas de funcionários da empresa foram transferidos gerando transtorno na economia do município. Inicia-se uma fase de decadência econômica e urbana do Município, consequentemente, o Distrito de Amanhece sofre com essas mudanças.

A Estrada de Ferro de Goyaz passa a ser controlada pela Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima – RFFSA que foi criada mediante autorização da Lei nº 3.115, de 16 de março de 1957 com o objetivo de consolidar 18 ferrovias regionais e gerir os interesses da União no setor de transportes ferroviários.

            Na década de 1980 inicia-se a mudança de traçado da ferrovia, com isso as várias estações foram sendo desativadas, entre elas a Estação “Marciano Santos”, do distrito de Amanhece, com a retirada dos trilhos da antiga linha férrea. 

          Em 1986 a Prefeitura Municipal de Araguari adquiriu toda a área do terreno do pátio da estação de Amanhece situado entre os km 14+832,00 ao km 15+274,00, conforme consta na Matricula 18.501 do Cartório de Registro de Imóveis, onde funcionava a Estação e a Casa do Chefe da Estação. Em 2004 este bem é tombado pelo Decreto n° 017/2004.

1.2 - O Distrito de Amanhece

1.2.1 - Localização e Aspectos Geográficos

O Distrito de Amanhece/MG localiza-se ao norte do município de Araguari, na mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba e ao oeste do Estado de Minas Gerais nas referências de latitude de -18.5366701 e longitude de -48.1897604.

Sua distância de Araguari/MG é de aproximadamente 18 Km e seu acesso é obtido por meio da rodovia MG 414. O relevo predominante é a chapada e suas altitudes variam de 840 a 950 metros com baixas declividades. Esse tipo de relevo privilegiou a agropecuária, uma das principais mudanças humana das paisagens do Distrito. Em toda sua extensão é possível apreciar as grandes e pequenas monoculturas cafeeiras e de soja.

Mapa de Localização da Estação “Marciano Santos” – Amanhece/MG. Fonte: Google Maps 2020

Grande parte de sua vegetação típica, o cerrado, já foi devastada restando apenas resquícios em áreas de reserva legal e nos trechos de baixo curso dos córregos, onde o relevo é mais dissecado.

Na área de 34 Km² da bacia do córrego Amanhece, são registradas vertentes suaves com corredeiras em seu alto e médio curso. No baixo curso é possível identificar a presença de corredeiras e vertentes íngremes, o que contribui para reforçar a beleza cênica do local, composta de uma cachoeira. Além disso, a mata galeria está presente ao longo de todo o curso do córrego, mesmo nos trechos onde não se respeitou o limite de 30 metros determinado pela legislação ambiental. 

O relevo e as transformações que ocorrem no córrego, influenciam a visão do lugar. Amanhece possui uma paisagem já bastante antropizada, porém não perdeu sua vitalidade, ao contrário, ela mescla a atividade rural, a tranquilidade da vida no campo e o contato com a natureza através dos vales dos córregos e da espetacular vista da Serra da Bocaina. O clima varia entre duas estações definidas, a seca e a chuvosa como em grande parte das localidades servidas pela vegetação do cerrado.

1.2.2 - Sua História

A formação do povoado de Amanhece está interligado a história da cidade de Araguari. No distante ano de 1824, já não havia terras desabitadas nos arredores do antigo arraial do Brejo Alegre, que tornou-se cidade de Araguari no ano de 1888. As fazendas foram os primeiros redutos populacionais da localidade de Amanhece. 
Entre o final do século XIX e início do XX, a instalação em Araguari do transporte férreo, primeiro com a Cia. Mogiana de Estrada de Ferro e posteriormente com a Estrada de Ferro de Goyaz, oportunizou a intensificação do comércio regional, o que provocou ao município a migração e imigração, gerando motivação econômica e intensificação do povoamento na zona urbana e rural.
Nesse contexto emerge o povoado de Amanhece, a partir da doação de terras em 1911, por Diogo Veloso Naves. Nessa época havia estabelecido no local o Sr. José Marques e família, católico fervoroso, sua religiosidade motivou-o a trabalhar pela construção de uma capela em devoção a Nossa Senhora Aparecida. Esse marco oportunizou num processo gradativo a ocupação territorial do povoado.
A dedicação de José, conhecido como “Zequinha”, o fez muito popular, sendo-lhe atribuído popularmente o feito de fundador de Amanhece. A denominação Amanhece surgiu de um fato peculiar, segundo consta, os padres que serviam à Paróquia Matriz de Araguari, possuíam uma propriedade rural na região da Bocaina, assim deslocavam-se até o povoado para ministrar os sacramentos. Como saíam de madrugada e chegavam ao destino amanhecendo, surgiu daí a ideia do nome.
No ano de 1913, a Estrada de Ferro de Goyaz, objetivando dinamizar o serviço de transporte de mercadorias e passageiros, inaugurou uma pequena estação na localidade de Amanhece (Foto 2).
A edificação simples e reduzida da empresa férrea, foi de grande importância para o povoado, configurando-se em fator de atratividade e comodidade. O estabelecimento de diversas famílias no lugarejo, consistiu em franco desenvolvimento, oportunizando no ano de 1923, sua classificação como novo Distrito na divisão administrativa de Araguari, por intermédio da Lei Estadual n° 843 de 07 de setembro de 1923, in verbis:
Art. 5° Ficam criados os seguintes distritos: (...)
II - de Amanhece, com sede no arraial deste nome, no município de Araguari, com a seguinte divisa:
Começa na cabeceira de ribeiro Macaúbas, descendo ao Rio Jordão; por este abaixo ao Paranaíba; por este abaixo ao Ribeirão Araras; por este acima até “Poço Bonito” e deste em rumo à cabeceira do Macaúbas, onde começou. (...)”


Os serviços básicos a população foram instalados gradativamente, chegando a energia elétrica no ano de 1946 (pela Cia. Prada de Eletricidade) e a agência da Empresa Brasileira de Correios em 1950, sendo que anteriormente, as correspondências eram entregues na Estação. 
Na década de 1980 a mudança do traçado da ferrovia desativou a antiga estação e finalizou os trabalhos com a retirada dos trilhos. O prédio, antes principal ponto de encontro, servindo ao trabalho e ao lazer da população, foi destinado à Polícia Militar a partir de 1983 e as reformas implementadas pela instituição, descaracterizaram em parte a arquitetura original, principalmente com a retirada de portas, janelas, fechamento e abertura de vãos, emparedamento interno, construção de uma cela e de uma garagem lateral.

Foto 1 – Estação de Amanhece já descaracterizada, em 2007. Fonte: Blog Ponto de Vista de Antônio Fernando Peron Erbetta (1942-2009).

1.3 - A Estação “Marciano Santos” - Amanhece


Foto 2 – Estação de Amanhece em 1983, arquitetura original.
Fonte: Acervo pessoal da escritora Amariles Nascimento.

            A estação de Amanhece está localizada no antigo trecho da linha tronco km 15+020,00 da Estrada de Ferro de Goyaz – EFG, desativada na década de 1980.
            Arquitetonicamente possui um partido retangular, com fachadas paralelas simétricas com modulação de vãos em arcos singelos no requadro superior das aberturas de portas e janelas e linhas retas nas demais linhas do requadro. Nas fachadas maiores as aberturas se davam por meio de duas portas nas extremidades e uma janela central, ambas em madeira. Nas fachadas menores, as aberturas se davam por meio de duas janelas em madeira dispostas harmonicamente e equidistantes das extremidades e entre elas, além de óculo acima de moldura em relevo em reboco com a identificação da estação na inscrição “AMANHECE” escrita a tinta.  Os vãos de portas, janelas e óculos eram ornados com faixas em relevo em reboco. 
            Estruturalmente está sob platô elevado com base em pedras secas em nível acima do terreno e duas rampas laterais, pelas fachadas menores, que facilitavam os pedestres e o transporte das mercadorias para o embarque. Na fachada frontal, o acesso era por escadas. Na plataforma de embarque aos vagões, mantinha-se a diferença de nível. As paredes em tijolos cerâmicos maciços são estruturais em conjunto com colunas em madeira que recebem a carga do telhado em duas águas em grade de madeira e fechamento em telhas do tipo “Francesa”.
            Internamente, possuía espaço para sala do agente, bilheteria, bar e salão de espera. As paredes em alvenaria tinham revestimento em reboco e pintura. Os forros internos eram em madeira no estilo saia e camisa (saia e blusa).  O piso era em cimento liso (tipo cimento queimado).
            Em frente à Estação havia um grande largo onde ficavam estocadas, esperando embarque, mercadorias como madeira e gado. Como o distrito era importante fornecedor de madeiras o embarque das mesmas era facilitado pelas rampas ao lado do prédio.
            As locomotivas eram a vapor, eram chamadas de “Maria Fumaça”. Uma das atividades econômicas do distrito era o fornecimento de lenha para abastecer as caldeiras das máquinas, madeira essa retirada do cerrado, colocada em depósito em frente ao prédio da estação e vendida aos metros para a “Goias”, assim chamada, a empresa ferroviária, por todos moradores.
            A estação de Amanhece foi inaugurada em 24 de fevereiro de 1913, sendo a primeira estação rural no trecho Araguari/Goiânia, tornando um núcleo de atividades e movimento ao pequeno povoado, onde a história, o progresso, o declínio, necessariamente se confunde com a da ferrovia.

por Alessandre H. de Campos
arquiteto e urbanista

Referencias Bibliográficas

 PEIXOTO, Juscélia Abadia. VIEIRA, Aparecida d Glória Campos. Araguari e sua História. Goiânia - Go. Kelps, 2013.

Portal Câmara dos Deputados. Brasília. DF. Coleção de Leis do Brasil. Anos Diversos. 

Assembleia Legislativa, Legislação Mineira.

Blog Ponto de Vista. Antônio Peron Erbetta.



Família

Nenhuma família começa no de repente.

A escolha dos vínculos são espirituais e não por necessidade financeira.

Pai ou mãe não são os que possuem afinidades genéticas, mas laços que os unem aos filhos por essência... Todo resto foi apenas veículos de gestação ou procriação.

Família não são aqueles que nascem com 99% de afinidade genética. São aqueles que acolhem sem obrigação, mas por satisfação e afinidade espiritual.

Família é escolha e não consanguinidade. Parente não reflete necessariamente familiaridade. Parente é visita e não permanência.

O círculo de nossa convivência é formado por pessoas pelas quais necessitamos para o aperfeiçoamento mútuo de nossas qualidades morais no exercício da paciência, da empatia, do respeito e da humildade.

Nada é "presentinho de Deus" mas as oportunidades dos encontros são os meios escolhidos para corrigirmos nossas condutas comportamentais ou a complementação, pelo espelhamento do outro, em temas que precisamos desenvolver em nós, aprender a não ser como tal, entender, discernir entre o que temos que assimilar ou esquecer pela nossa evolução.

Tudo que temos é por empréstimo universal... Um dia chegará a hora de devolvermos ao universo melhor que recebemos, inclusive, nós mesmos!

Por Alessandre H Campos

Prosperidade

Prosperidade não se trata somente de dinheiro, mas de ter abundância em todos os aspectos. Abundância de bons relacionamentos, felicidade, saúde e também dinheiro.

Essa prosperidade não é a qualquer custo, utilizando da máscara para tirar proveito das circunstâncias para si e somente si mesmo.

Bons relacionamentos se dão pelo respeito mútuo em todos sentidos e níveis. A partir do momento que aja na privacidade e haja o ocultismo da moral e ética, rompe-se a confiança que fere a polidez no relacionamento.

Portanto, na atual configuração humana, a prosperidade é relativa, pois não se abraça, ainda no presente, a concepção de uma convivência desinteressada, leal e transparente.

Felicidade e saúde é ter paz de espírito.

por Alessandre H Campos

Xfobia

Tudo é motivo de Xfobia...

Músicas de carnaval antigas não podem mais pq falam da cabeleira do Zezé ou será q ele é?...

Também não pode mandar a Maria Bonita levantar pra fazer o café..

Muito menos dizer que O teu cabelo não nega, mulata, Porque és mulata na cor...

Mas, se A bolsinha do Waldemar, Dá pra desconfiar... Tem muito cabeludo se ligando
Na dança do Waldemar...

Quando Apareceu a Margarida
Olé, olé, olá
No festival
Veio pra se desfolhar...

O que sempre foi, não pode mais, pois existe a culturafobia e a gênerofobia, mas o pior de tudo é a levezafobia que pretende colocar peso em tudo pela liberdadefobia de expressãofobia.

Cuidado! Não jogue pedra na Geni... Não jogue bosta na Geni... É crime de Genifobia...

Ôô Aurora, está chegando a hora...
Da chaturafobia que instalou no Brasilfobia receber A índia q vai ter neném!
Mais um, mais um
Mais um que vem!

A #fazenda


Certa vez o cabra "tava" andando com sua égua pelas ruas do vilarejo, quando de repente aparece um jegue velho que saiu... oonte, oonte, oonte, oonte... da vila vizinha em galope e quando avistou a égua ficou todo entusiasmado imaginando ser uma potrinha... ela que é uma égua velha fogosa já foi arrastando uma carroça para o lado do jegue velho. 

O cabra desceu da égua, ela e o jegue velho saíram apaixonados e foram morar juntos na fazenda e criar três burricos e duas mulinhas problemáticas e rebeldes.

Passado um tempo, o jegue que sempre é chamado de burro, se viu numa situação crítica. 

A égua sempre exigia do melhor capim e do melhor feno. O jegue que não é burro, levantou as orelhas e começou a perceber a roubada que entrou, mas viu que já estava  velho, com medo da solidão e se sujeitava aos caprichos da égua, dos burrinhos e das mulinhas.

Assim, viveram a farsa perfeita e foram felizes sempre que tinham sustento,  já que  fizeram os votos diante de toda manada de asnos.

Obs: esse é um texto fictício, qquer semelhança com a realidade é mera coincidência!

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