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Os princípios de um governo

           De acordo com o sociólogo alemão Max Weber [Maximillian Carl Emil Weber (1864 - 1920)], nas sociedades tradicionais de sua época predominava a administração patrimonial, caracterizada por uma forma de gestão dos negócios públicos como se estes fossem assuntos privados dos governantes.
            Conforme Bresser Pereira tem-se um Estado democrático, entre burocrático e gerencial, presidindo sobre uma economia capitalista globalizada e uma sociedade que não é mais principalmente de classes, mas de estratos (faixa ou camada de uma população quanto ao nível de renda, posição social, educação).
            Em síntese, no plano político transitamos do Estado oligárquico ao Estado democrático (de elites); no administrativo, do Estado patrimonial ao Estado gerencial; no plano social, da Sociedade Senhorial para a Sociedade Pós-Industrial.
            Durante décadas os brasileiros degustaram um governo ditatorial massacrante que passou por todos os modelos de Estado. Em tese vivemos num país democrático de direitos, mas, na prática, nosso país é ainda um Estado oligárquico (governo de poucas pessoas, pertencentes ao mesmo partido, classe ou família) em que uma pequena elite de senhores de terra e de políticos patrimonialistas domina amplamente o país, cuja sociedade se comporta como se fosse servil.
            Sempre surgem governos com promessas inovadoras. Passado o tempo, observa-se que não passa de velhos paradigmas desenterrados por um oligarca com princípios de gestão patrimonialistas onde sua base de governo é antidemocrática formada por parceiros ou familiares. É seguidor de uma linha ditatorial pela perseguição àqueles tidos como inimigos do governo.
            Um governo de uma via só, que paga (mensalões) para garantir seus interesses. Que persegue, demite, até mesmo por motivos passionais, e retira do caminho aqueles que atuam baseados na lei, pois a lei “pega pesado” e coíbe certos interesses. Aos amigos e bajuladores tudo (governo paternalista), aos inimigos a forca (governo ditatorial). Um governo que não respeita o funcionalismo e não está comprometido com os interesses coletivos. Que prefere a letargia e falsidade de um puxa-saco a ação ou a crítica de quem lhe mostra a verdade pela eficiência e transparência.
            Nestes governos de época, os princípios da administração pública democrática não são fundamentais, prevalece em muitos casos à corrupção, tendo em vista que se baseiam em gestões patrimonialistas e amadoras (agentes públicos sem formação ocupam cargos pelos quais não possuem atribuições para tal), ou seja, atuam como se tudo que é público fosse assunto particular ou familiar. A sociedade é subjugada, desrespeitada e considerada como coadjuvante e tem desconsiderados seus direitos cabais. É um governo que busca cercear a liberdade de expressão e de pensamento dos seus opositores pedindo suas “cabeças” (regulação da mídia), mas mantém estruturas dentro da imprensa que possam dar vazão as suas “realizações” maquiavélicas.
            Para não fugir aos seus princípios “governamentais” utilizam o nepotismo descaradamente. No serviço público, nepotismo passou a ser sinônimo de favorecimento sistemático à família. O nepotismo faz mal a administração pública porque ele vai contra a profissionalização da gestão. Um agente político ou membro de poder não pode avaliar com idoneidade o trabalho de uma pessoa que faz parte de sua família e não mede esforços em defendê-la ou protegê-la mesmo que suas ações não condizem com preceitos legais. Além disso, se o nepote não vai com a cara de um servidor efetivo ou comissionado, sem grau de parentesco consigo, o persegue e o massacra, boicotando seu trabalho ou agindo de má fé para prejudicá-lo, criando situações mentirosas (cama-de-gato) com o apoio do dono do poder ou outros funcionários subservientes.
            Você, portanto, que busca o poder para sua satisfação pessoal, não esqueça: “o poder é efêmero”. Humildade deveria ser o seu princípio de vida e de futuro governante. Lembre-se: um dia a confiança termina, o povo acorda, os interesses mudam, o poder acaba e a vida volta à realidade, porém, sem os puxa-sacos e os bajuladores do poder.

Se você quiser saber o que um homem é, coloque-o numa posição de poder.”
Provérbio Iugoslavo

A SINDROME DO PODER

Será uma doença ou um simples desvio de comportamento?
Nossa cultura é marcada pela forte influência coronelista. Foram muitos anos sob as ordens destas figuras: os coronéis, que perderam espaço, no decorrer do tempo, para a democratização no país. A figura explícita não existe mais, mas por outro lado está na forma de pensar, agir e sentir de muitos que ocupam cargos, sejam públicos ou privados.
Quantas vezes você ouviu a frase: “... você sabe com quem está falando?” Outra frase muito pronunciada é: “...faça assim porque eu quero que seja assim!” São frases que sempre expõe a primeira pessoa do singular no ápice do autoritarismo para que alguma vantagem seja conquistada ou que a “autoridade” prevaleça. A Síndrome do Poder faz com que as pessoas venham a imaginar que detém um poder maior do que as outras. Muitas vezes, este poder ilusório é herdado por tradição ou pela força bruta.


Estas pessoas são inseguras e com incapacidade de serem transparentes com os seus semelhantes e com o meio em que vive, possuindo uma visão unilateral dos processos de interação. A síndrome do poder ou da cadeira é uma atitude de autoritarismo por parte de um individuo que, ao receber um poder, usa de forma absoluta e imperativa sem se preocupar com os problemas periféricos que possa vir a ocasionar. Este comportamento, surge quando aqueles que não se contentam com sua pequena parcela de poder exorbitam sua autoridade. As principais características comportamentais latentes ou aparentes de uma pessoa que sofre da SÍNDROME DO PODER são as seguintes:

1 – não aceita ser contestada;
2 – persegue aqueles que discordam dela;
3 – age com falsidade;
4 – humilha subordinados na frente de outras pessoas;
5 – manipula para conseguir seus intentos;
6 – gaba de sua posição deixando claro quem manda;
7 – não sabe liderar;
8 – considera inimigo todos aqueles que pensam diferente dela;
9 – possui falta de personalidade;
10 – é dissimulada.
As pessoas que sofrem da Síndrome do Poder são aquelas que "vêm de baixo" e que se consideram vítimas das oportunidades profissionais e sociais. Estas pessoas, na maioria das vezes, são bajuladoras daqueles que lhes interessam, porém, no primeiro momento, puxam-lhes o tapete. São aqueles que nunca estiveram em posição de comando e quando consegue, perdem a noção da diferença entre coordenar e mandar. São pessoas que sofreram alguma discriminação na vida ou não tiveram sucesso em seus empreendimentos pessoais ou profissionais e, agora que podem, querem “tirar o atraso”, porém, da maneira errada, ou seja, como sempre desejaram tanto galgar uma posição de destaque ou até mesmo invejável, agem como se pudessem tudo, não importando os outros, passando por cima de qualquer um.
Se nas relações profissionais privadas isso se torna algo que pode levar até a falência da empresa, imagina essas pessoas agindo no serviço público. A conduta ética no serviço público é o reflexo das atitudes do próprio servidor na sua vida particular. Se ele aprendeu a tirar vantagem sobre tudo para alcançar seus objetivos pessoais, irá fazê-lo, também, enquanto servidor público. Aquilo que é certo para um, pode ser errado para outro. Aquilo que é legal para um, pode ser ilegal para o outro. Então, a conduta ética de qualquer pessoa, principalmente do servidor público deve-se primar sempre pelo bem coletivo, pelo respeito ao seu semelhante e observância das leis.
A falta de credibilidade, principalmente dos gestores políticos, faz com que recaia sobre os ombros dos servidores públicos essa carga ruim de que todos são ladrões ou que não trabalham. Os servidores públicos corretos e que exercem suas atividades com responsabilidade são massacrados, recriminados ou perseguidos por não entrarem nos "esquemas". Nesse caso, sofrem algum tipo de assédio, ou seja, são forçados a irem contra seus valores para que sejam aceitos, principalmente pelos seus superiores hierárquicos - aqueles que sofrem da Síndrome do Poder, - porém, se mantém firmes atuando de acordo com os princípios constitucionais da administração pública. Por outro lado, alguns servidores que são manipuláveis bajulam aquele que detém o poder pela manutenção do seu emprego e engrossam a massa de servidores sem comprometimento com o bem coletivo em nosso país.
A Síndrome do Poder passa a ser uma patologia quando o comportamento se torna crônico, ou seja, mesmo longe do poder a pessoa quer exercer o poder que pensa que possui. Quando a realidade lhe é mostrada, mergulham em um estado depressivo obsessivo. Ela exerce um efeito colateral de tamanha magnitude em quem se dispõe a sofrê-la, causando na maioria dos casos: cegueira (não visual), ambição, surdez (não auditiva) e, principalmente, amnésia. Há relatos também de “sintomas” de cinismo e desonestidade.
Esta síndrome faz o doente ficar no mundo da lua, achando que será eterno no cargo e que nunca deixará de ocupá-lo. A pessoa se torna incapaz de admitir um erro, procurar ajuda ou se colocar numa posição de humildade para dialogar com urbanidade, coerência e sem querer impor a sua falsa autoridade para conseguir o que se pretende.
Você, portanto, que se encontra neste estado, não esqueça: “o poder é efêmero”. Se quiser ter sucesso, não será sozinho que o conquistará, pois ninguém faz sucesso se não pelo apoio de todos da equipe. Humildade é um bom começo. Se você é dono de uma empresa, não esqueça que poderá ser demitido por sócios, executivos ou credores, pois ninguém se sustenta eternamente no poder sem exercê-lo de maneira ética e legal. Se exercer um cargo público de confiança pelo voto ou por indicação, lembre-se: um dia a confiança termina, os interesses mudam e o poder acaba.
“Se você quiser saber o que um homem é, coloque-o numa posição de poder.”
Provérbio Iugoslavo
O texto abaixo, psicografado por Chico Xavier, exemplifica o assunto abordado.

O Poder da Gentileza
Eminente professor negro, interessado em fundar uma escola num bairro singelo, onde centenas de crianças desamparadas cresciam sem o benefício das letras, foi recebido pelo prefeito da cidade que lhe disse imperativamente, depois de ouvir-lhe o plano:
- A lei e a bondade nem sempre podem estar juntas. Organize uma casa e autorizaremos a providência.
- Mas, doutor, não dispomos de recursos... - considerou o benfeitor dos meninos desprotegidos.
- Que fazer?
- De qualquer modo, cabe-nos amparar os pequenos analfabetos.
O prefeito reparou-lhe demoradamente a figura humilde, fez um riso escaninho e acrescentou:
- O senhor não pode intervir na administração.
O professor, muito triste, retirou-se e passou a tarde e a noite daquele sábado, pensando, pensando...
Domingo, muito cedo, saiu a passear, sob as grandes árvores, na direção de antigo mercado.
Lá comentando, na oração silenciosa:
- Meu Deus, como agir? Não receberemos um pouso para as criancinhas, Senhor?
Absorvido na meditação, atingiu o mercado e entrou.
O movimento era enorme.
Muitas compras. Muita gente.
Certa senhora, de apresentação distinta, aproximou-se dele e tomando-o por servidor vulgar, de mãos desocupadas e cabeça vazia, exclamou:
- Meu velho, venha cá.
O professor acompanhou-a, sem vacilar.
À frente dum saco enorme, em que se amontoavam mais de trinta quilos de verdura, a matrona recomendou:
- Traga-me esta encomenda.
Colocou ele o fardo às costas e seguiu-a.
Caminharam seguramente uns quinhentos metros e penetraram elegante vivenda, onde a senhora voltou a solicitar:
- Tenho visitas hoje. Poderá ajudar-me no serviço geral?
- Perfeitamente - respondeu o interpelado -, dê suas ordens.
Ela indicou pequeno pátio e determinou-lhe a preparação de meio metro de lenha para o fogão.
Empunhando o machado, o educador, com esforço, rachou algumas toras. Findo o serviço, foi chamado para retificar a chaminé. Consertou-a com sacrifício da própria roupa. Sujo de pó escuro, da cabeça aos pés, recebeu ordem de buscar um peru assado, a distância de dois quilômetros. Pôs-se a caminho, trazendo o grande prato em pouco tempo. Logo após, atirou-se à limpeza de extenso recinto em que se efetuaria lauto almoço.
Nas primeiras horas da tarde, sete pessoas davam entrada no fidalgo domicílio. Entre elas, relacionava-se o prefeito que anotou a presença do visitante da véspera, apresentado ao seu gabinete por autoridades respeitáveis. Reservadamente, indagou da irmã, que era a dona da casa, quanto ao novo conhecimento, conversando ambos em surdina.
Ao fim do dia, a matrona distinta e autoritária, com visível desapontamento, veio ao servo improvisado e pediu o preço dos trabalhos.
- Não pense nisto - respondeu com sinceridade -,tive muito prazer em ser-lhe útil.
No dia imediato, contudo, a dama da véspera procurou-o, na casa modesta em que se hospedava e, depois de rogar-lhe desculpas, anunciou-lhe a concessão de amplo edifício, destinado à escola que pretendia estabelecer. As crianças usariam o patrimônio à vontade e o prefeito autorizaria a providência com satisfação.
Deixando transparecer nos olhos úmidos a alegria e o reconhecimento que lhe reinavam n'alma, o professor agradeceu e beijou-lhe as mãos, respeitoso.
A bondade dele vencera os impedimentos legais.
O exemplo é mais vigoroso que a argumentação.
A gentileza está revestida, em toda parte, de glorioso poder.
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Alvorada Cristã. Ditado pelo Espírito Neio Lúcio. 11a edição. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996.

Araguari não é brinquedo de criança mimada

Vaidade: Qualidade do que é vão, instável ou de pouca duração. Desejo imoderado e infundado de merecer a admiração dos outros. Vanglória, ostentação. Presunção malfundada de si, do próprio mérito; fatuidade, ostentação. Coisa vã, fútil, sem sentido. Futilidade. Jactância, presunção." Dicionário Michaelis.

Fico abismado em ver que no jogo do poder a única coisa que predomina é a vaidade.

Primeiro, para causar inveja a outras pessoas por ocupar-se de um cargo, neste caso esquecem que o cargo é temporário, hoje estão, amanhã se vão, mas o que importa é esse momento de fantasia...

Segundo, por ostentarem e se vangloriarem que podem mais, fazem e desfazem passando por cima de todos e das leis...

Terceiro, por ganância em obter privilégios...

Quarto, pelo desejo de realizar algo que, supostamente, será reconhecido pelos outros e seu nome ficará gravado na história ou na estória, não importa, o que vale é aparecer...

Quinto, por ser hipócrita, ou seja, iludiu o povo, conseguiu o poder e agora... O povo e a cidade que se "explodam", fará apenas para si e para nutrir a sua arrogância.

Sexto, só se conhece uma pessoa de verdade quando a ela é concedido o poder...

Porém, no mundo das vaidades e das ilusões os mesmos que bajulam pela frente, apedrejam pelas costas.

Araguari não é brinquedo de criança mimada e nesse sentido temos que parar e refletir: valeu a pena optar por este e não por aquele outro?

O que percebo é o despreparo, a vaidade e a arrogância de alguns que pode macular a imagem de todos. Pessoas sem o mínimo conhecimento sobre algum assunto dizendo que vão fazer e desfazer, que isso tem que ser assim ou assado, ou seja, a sua verdade é a única. Já são donos da cidade. Pura e doce ilusão...

A sociedade deve ficar em alerta, assim como o Ministério Público Estadual, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA/MG, o Instituo de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de Minas Gerais – CREA/MG, também, devem estar em alerta.

Mas, acredito que o bom senso irá prevalecer. A serenidade e a inteligência farão parte daqueles que terão a missão de administrar essa cidade pelos próximos quatro anos. E que Deus nos proteja.

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